quarta-feira, 14 de novembro de 2012

VERSOS MAGNÍFICOS

QUANDO HÁ SECA NO SERTÃO
SÓ NÃO MORRE A POESIA.

MOTE: FELIZARDO NUNES
GLOSAS: BRÁS IVAN
Morre logo a gitirana
O feijão-de-corda seca
Morre o milho na boneca
Devido a seca tirana
Murcha a flor da umburana
Quando o carão silencia
Se calam caçote e jia
No fundo do cacimbão.
Quando há seca no sertão
Só não morre a poesia.

Só se ver o chão rachado

Onde existia água e lodo
Sertanejo perde todo
Algodão que foi plantado
O caboclo é obrigado
Fazer o que não queria
Vender por baixa quantia
Dois terços da criação.
Quando há seca no sertão
Só não morre a poesia.

O camponês acanhado

S'inscreve ao "Bolsa Familia"
Chove discurso em Brasilia,
Projeto pra todo lado
Fica tudo engavetado
Sem chegar onde devia
Metade em burocracia
Metade em corrupção. Quando há seca no sertão
Só não morre a poesia.

E quando a seca se estica

Pintando de cinza as roças
Fazendo secar as grossas
Folhas da velha oiticica
Um gato dorme na bica
Por onde a água corria
Depois que a chuva batia
Nas telhas do casarão.
Quando há seca no sertão
Só não morre a poesia.

Só não morre a esperança

Nem a fé do sertanejo
Vai vivendo de desejo
Enquanto chega a bonança
O poeta não se cansa
Pega na viola e cria
Que até seca e caristia
Lhe servem de inspiração.
Quando há seca no sertão
Só não morre a poesia.

domingo, 2 de setembro de 2012

POETAS DA SEMANA

Vem o vaqueiro do canpo
Como um soldado da guerra
Seu suor não tem mau cheiro
Sendo o mais puro da terra
Porque contém o perfume
Da jitirana da serra
(Pedro Bandeira)

Também me acordava cedo
Para brincar no terreiro,
Pensava que cangaceiro
Fosse um tipo de brinquedo.
De Lampião tinha medo, 
Mas de Virgulino, não!
Sem saber que Lampião
Era o mesmo Virgulino
Eu também sou nordestino
Do jeito que vocês são.
(Valdir Teles)

No dia em que morrer
Eu não quero choro, não!
Em vez de choro e de vela
Rezem, pra mim, uma oração,
Recitem cinco ou seis salmos
E me deem os sete palmos
Que eu tenho direito no chão.
(Carmem Pedrosa)

EU SEMPRE SERVI DE PORTO
PROS CORAÇÕES A DERIVA
E HOJE A SAUDADE VIVA
DEVORA UM CORAÇÃO MORTO
QUEM MAIS CONCEDEU CONFORTO
HOJE MENDIGA ATENÇÃO
E A CADA NOVA PAIXÃO
UM NOVO DUDU MORAIS
SAUDADE MACHUCA MAIS
QUE QUALQUER MÃO DE PILÃO.

Dudu Morais..

RECEITA DA SEMANA

Arroz Sírio

Arroz Sírio

Ingredientes:
2 xícaras (chá) de arroz

3 colheres cheias (
sopa) de manteiga

1 xícara rasa (chá) de macarrãozinho tipo cabelo-de-anjo


6 xícaras (chá) de água fervente


sal


Preparo:
Escolha bem o arroz, lave-o e deixe de molho em água fervente, por 2 horas. Em uma panela, derreta a manteiga. Enquanto a manteiga derrete, escorra bem o arroz. Quando a manteiga derreter, coloque o macarrãozinho e deixe dourar. Em seguida, junte o arroz e refogue tudo. Para que o arroz fique totalmente solto, acrescente 1 colher (sopa) de manteiga fresca. Depois de bem refogado o arroz, coloque a água fervente e sal a gosto. Cozinhe em fogo brando. Antes de servir, mexa o arroz com um garfo para soltar os grãos.

FILME DA SEMANA



FRASE DA SEMANA

"Há dor que mata a pessoa sem dó nem piedade. Porém não há dor que doa como a dor de uma saudade"
(Autor Desconhecido)
 

terça-feira, 24 de julho de 2012

VERSOS MAGNÍFICOS


O preço de um pão roubado
(Welton Melo)

Sou um negro, doutor; sou só um negro
Cuja vida deu rumo distorcido
E apesar de dispor dessa aparência
Acredite doutor não sou bandido.
Eu conheço da vida os cativeiros
Sou mais um dentre tantos brasileiros
Que pernoitam na rua e esmolam um pão
Meu destino doutor foi infeliz
Fui forçado a fazer o que não quis
E fui taxado na rua de ladrão

Fui na frente de todos humilhado
Algemado igualmente a um bandido
Entre socos, tabefes, pontapés...
Por PMs doutor eu fui detido
E por ser mais um filho da pobreza
Me negaram o direito de defesa
E impuseram que eu próprio me calasse
Quando eu fui explicar por que roubei
Fui ao chão com um tabefe que levei
Que chegou a cortar a minha face

Me trouxeram pra cá e aqui estou
Vim aqui pra prestar depoimento
Por um erro que eu mesmo cometi
porem nunca neguei um só momento
Se o senhor como eu já for um pai
Tenho toda certeza de que vai
Entender o porquê que pratiquei
Fui errado doutor não vou negar
Mas um pai que tivesse em meu lugar
Roubaria do jeito que eu roubei

Vi meu filho de fome passar mal
Me dizendo:Papai quero comer!
Eu senti-me impotente seu doutor
Vendo aquilo sem ter o que fazer
Levantei-me dali, pedi esmola
Mas o povo ao passar nem dava bola
Planejei em por fim na própria vida
Me senti como um trem fora do trilho
Pois não tem dor maior que ver um filho
Te implorar por um prato de comida



Quando vi o meu filho agonizando
Aumentou inda mais minha agonia
Sem pensar levantei-me seu doutor
E correndo eu entrei na padaria
De nervoso suo lavava a mão
Vi os pães que ficavam no balcão
E lembrei do meu filho já morrendo
Me senti como ave em cativeiro
E num ato total de desespero
Dei de garra do pão ,sai correndo


Apesar de correr já era tarde
Vi meu filho sem vida ali no chão
Abracei o seu corpo pequenino
Foi ai que ouvi voz de prisão
E o que houve depois eu já falei
Me humilharam bastante,apanhei
E agora me encontro nesse estado
Só o senhor põe um fim nesta novela
Ou me tira pra sempre desta sela
Ou me deixa pagando um pão roubado

As algemas que prendem minha mão
Ferem a honra de alguém trabalhador
Que nem mesmo o senhor me libertando
Vai poder reparar toda essa dor
Mas doutor com a sua competência
Por favor ponha a mão na consciência
E se possível me livre desta teia
O caráter de alguém não se converte
Se achar que estou certo me liberte
Do contrario me deixe na cadeia 

(Sim senho! Eu sou matuto)
Welton Melo